Debatemos há muito, nos digladiamos desde sempre no ensejo e na luta por sermos pessoas livres, plenas e amparadas quanto à paridade de Direitos e de Dignidade. Quando se trata de questões de gênero face ao machismo estrutural, ao sexismo e subjugação das mulheres em razão dos padrões e valores que nos assombram, para além da sociedades brasileira, inclusive, conforme assentado nos costumes, nas tradições, nas leis, nas religiões, e tudo o mais que permeia a estruturação social e os critérios de hierarquização!
Estas são as batalhas que a mulher mãe, a mulher filha, a mulher trabalhadora, a mulher arrimo de família, a mulher estudante, dentre todas outras tantas mulheres enfrentam, conforme padrões discriminatórios de diversos matizes que cada uma de nós bem sabemos por vivência própria e solidariedade!
Queremos sim a igualdade em Direitos, em Liberdades e em Consideração.
Fato é que nos deparamos com a realidade das duplas, triplas jornadas impostas por posições estigmatizadas ( À mulher são atribuídas as tarefas domésticas, a administração e condução do lar, o Dever de cuidado em prol dos filhos, dos idosos, dos doentes dos grupos familiares; à mulher é imposta a presença e o bom desempenho do papel maternal, matrimonial, profissional, sensual, a atenção aos estabelecidos padrões de beleza, etc. e tal )
No íntimo sabemos que a equação não fecha, e que a valorização da mulher por suas tarefas invisibilizadas e não remuneradas é um por vir… E enquanto estes afazeres não são atribuídos de forma igualitária para os casais e demais membros da família, e dita valorização não vem à tona e se pensar na divisão destas ditas tarefas é uma afronta, estamos aprisionadas nos estigmas que permeiam a vida, a carreira, os sonhos, as metas, as conquistas femininas.
Tais circunstâncias se acirram profundamente quando temos em conta a distinta realidade deparada pelas mulheres negras, que por razões advindas da herança escravocrata e consequente racismo estrutural, encontra-se, de regra, em bolsões de pobreza, em sub-empregos, sub-ocupações e baixo grau de escolaridade e capacitação, além de tomar parte de famílias desestruturadas e sob o jugo da violência; de se citar, vítimas dos feminicídios em maior grau; questões potencializadas, por óbvio, pelo preconceito, pelo racismo, pela intolerância, que é proporcional à negritude se sua pele! Dirigidos de forma sutil e velada, quando não, explícita e contundente, mas sempre, ferindo, machucando, subjugando, inferiorizando, o racismo aprisiona pelos estigmas.
Assim, a transversalidade/ interseccionalidade de gênero se impõe, no sentido se perseguir a melhoria das condições das mulheres, todas elas.
Uma Mulher plena, realizada em todos os seus anseios e potencialidades, nos seus sonhos e na certeza de que é capaz de conquistá-los, de ocupar espaços, de ser e de estar, onde, como e quando quiser! A certeza que nos habita nos torna fortes e capazes de ultrapassar todo e qualquer óbice, e vencer, conquistar, para além dos olhares, gestos, palavras impregnados de dúvidas, empecilhos, paralisações, subjugações.
Por toda a luta histórica da Mulher, que é um contínuo e um crescente, é que conclamo as mulheres ao Direito de Sonhar e ao Direito e a Capacidade de Concretizar que existe em cada uma de nós.
Reflexões que me provocam quando comemoramos, vez mais, o DIA DA MULHER!