A exposição “Arte de Rua – Mudando Vidas”, em exibição na Arena Castelão, prova que sim. Em formato inédito no Ceará, a mostra teve início no último dia 7 e segue aberta ao público de até dia 24 de janeiro. Ali, o visitante é conduzido a contemplar obras criadas por 60 jovens de periferia, participantes de oficinas de grafite realizadas em dezembro nos Cucas da Barra do Ceará e do Jangurussu, ministradas pelos artistas convidados Laura Holanda, Luci Sacoleira, André Nódoa, Zé Victor e Daniel Chastinet. Sem sair do carro, é possível apreciar arte gratuitamente e seguindo todos os protocolos de segurança contra a Covid-19.
Um dos primeiros visitantes foi Miguel Gomes dos Santos, de 19 anos. Não era um simples visitante, mas um dos alunos participantes da oficina realizada no Cuca Jangurussu. A satisfação de ver o resultado da obra, criada coletivamente em parceria com o artista André Nódoa, estava estampada no rosto do jovem, que vive em situação de rua. “Eu pintei essa parte azul”, mostra orgulhoso a sua participação na produção da tela. “Está aqui minha assinatura. Meu vulgo agora vai ser GM”, oficializa contente o novo nome artístico.
O contato com a arte e com os artistas deu novas perspectivas para o jovem. “Vou levar a arte adiante. Já estou até encomendando uns jets (spray de tinta) para grafitar a pista do Cuca José Walter e aqui do Jangurussu”, planeja. A oportunidade de aprender grafite e de se expressar por meio desta técnica surpreendeu também o jovem Eduardo Costa, 23 anos, bolsista e monitor em teatro pela rede Cuca. Para ele, a experiência foi uma forma de se colocar no mundo, fazer questionamentos, iniciar um diálogo. “A gente chegou a essa conclusão de que também é preciso colocar um pouco da nossa essência”, diz o estudante.