“Uma das lutas dos povos indígenas foi para que o Estado o nos reconhecesse como seres humanos e cidadãos”, assim Kaê Guajajara, cantora indígena e educadora, chamou a atenção para a importância da luta pela cidadania, o conjunto de direitos e deveres de cada um (a) para que todos e todas possam viver de forma digna em sociedade. Direitos que para Kaê ainda não são respeitados quando se trata dos indígenas “Em pleno 2021, estamos ainda lutando pelo direito à terra, pelo direito de viver como nossos ancestrais. É uma luta que já dura há séculos. A melhor forma que a sociedade tem de ajudar nessa luta é não se omitindo e se juntando nas manifestações presenciais e digitais contra não somente projetos de leis que querem colocar no papel que é certo não termos nada e vivermos na margem (como a atual PL490), como também se informando para não reproduzir racismos e preconceitos já tão enraizados nos não-indígenas”.
Exercer a cidadania é, sobretudo, buscar uma sociedade melhor para todos e todas para que haja mais liberdade, justiça e solidariedade. Para a procuradora do Ministério Público do trabalho (MPT/DF), Cecília Santos a importância do dia da cidadania é exatamente a de despertar as pessoas para a necessidade de participação ativa na política, para vivermos em uma sociedade mais equilibrada e justa. “Nesse sentido, é imprescindível que as vozes dos coletivos de pessoas negras e periféricas, quilombolas, indígenas, ribeirinhos, trabalhadores rurais, trabalhadores precarizados, população LGBTQIA+, movimentos feministas e sindicatos possam ser ouvidas nas mais variadas dimensões das esferas de poder, pois as vivências, experiências e percepções de realidade desses coletivos de populações subalternizadas são diversas da visão do perfil hegemônico, eurocentrado, muitas vezes distanciado de realidades sociais de populações oprimidas. O impacto dessa pluralidade de perspectivas se reflete no olhar para o enfrentamento de problemas sociais e, consequentemente, nas soluções apresentadas para proteção e garantias de direitos de todas e todos os cidadãos”.
“A sociedade comum deve nos respeitar, nos dar apoio e incentivar o governo a nos apoiar, pois, se temos um governo que não apoia as comunidades tradicionais, as políticas públicas não chega até nós. ”, diz Walisson Braga, que faz parte do Quilombo do Mesquita, situado na Cidade Ocidental (GO). “A gente não escolheu viver nesse mundo moderno, nesse mundo capitalista, mas já que nos inseriram nele a força, que nos forneçam ferramentas para podermos conviver juntamente. Anteriormente a isso, as comunidades quilombolas e indígenas viviam do seu modo e viviam muito bem, mas hoje é meio que impossível viver como nos temos atrás já que a sociedade mudou”, completa Walisson Braga.
O Àwúre, projeto do Ministério Público do Trabalho (MPT, Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), está junto nessa luta para garantir condições dignas e respeito para que todes possam exercer sua cidadania.