Considerada a 2° principal causa de morte entre os jovens brasileiros de 15 a 29 anos, estima-se que a cada 46 minutos uma pessoa tire a própria vida em todo o mundo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, foram registrados 700 mil suicídios em todo o mundo, nas Américas foram 97.339 pessoas que retiraram a própria vida. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano.
Ainda no Brasil, a cada 100 mil homens, doze mil morrem em consequência do suicídio, entre as mulheres, são mais de cinco mil para cada 100 mil mulheres. Entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência. Trata-se de um fenômeno complexo, que afeta indivíduos de diferentes origens, sexos, culturas, classes sociais e idades, mas em alguns grupos, o número de casos preocupa mais.
O risco de suicídio entre jovens negros do sexo masculino é 45% maior do que entre jovens brancos da mesma faixa etária. Os dados são de pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde e pela Universidade de Brasília (UnB), publicada em 2018. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) apontou em 2017, em um relatório, que o número de suicídios entre indígenas subiu 20% em um ano. Segundo os dados coletados, 2017 registrou 128 óbitos – 22 suicídios a mais do que em 2016.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2017, o Brasil registrou uma média nacional de 5,7 óbitos para 100 mil habitantes. Na população indígena, foram registrados um número de óbito três vezes maior que a média nacional – são 15,2.

A psicóloga Iterniza Pereira, indígena do Povo Macuxi, faz parte do Conselho Indígena de Roraima e trabalha diretamente com as famílias indígenas da região. “A questão do suicídio dentro das comunidades indígenas também é algo bastante delicado e que deve ser, antes de mais nada, compreendido. Existem diversos fatores que ativam esse gatilho. Para o CIMI, a taxa de suicídio entre os indígenas é um conjunto de fatores e sentimentos de desesperança, em que o indivíduo se vê em uma condição sem saída. No caso dos indígenas, o “pertencimento” a algo ou a falta desse pertencimento – não pertencem ao mundo branco regido pela ordem capitalista, influencia no desequilíbrio psicológico. Entretanto não é apenas o fator social que determina. A vivência do processo de luto para os indígenas também pode afetar a saúde mental.” Explica a psicóloga que desde 2019 ajuda a combater as taxas de suicídio através de consultas e atendimento ao povo indígena.
De acordo com os dados da cartilha “Informando para prevenir”, publicada pela ABP e pelo CFM , 96,8% dos casos de suicídio registrados estão associados com histórico de doenças mentais que podem ser tratadas. O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atende voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Precisando conversar ligue 188, gratuitamente, 24 horas todos os dias, ou acesse www.cvv.org.br. O Sistema Único de Saúde (SUS) também disponibiliza atendimento para pessoas em sofrimento psíquico por meio dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
O Àwúre, iniciativa do Ministério Público do Trabalho(MPT), da Organização Internacional do Trabalho(OIT) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), busca informar para que todas, todes e todos possam saber onde encontrar ajuda.