Entre os dias 15 e 20 de novembro, o Projeto Àwúre promove o “NOVEMBRO NEGRO ÀWÚRE” para mais uma escuta prévia, livre e informada com os povos originários e comunidades tradicionais brasileiras para desenhar a atuação institucional do Ministério Público do Trabalho junto a estes povos e comunidades, respeitando seus saberes, tradição, história, cultura e religiosidade ancestrais. As atividades serão realizadas de forma híbrida. Os eventos online serão transmitidos pela plataforma de Ensino à Distância (EAD) “ÀWÚRE EDUCA”.
As atividades presenciais com diálogos, palestras, capacitações e apresentações teatrais ocorrerão nos municípios de Maragogipe (Recôncavo) e Salvador, na Bahia.
O primeiro dia do evento (15.11) acontece apenas de forma online, pela plataforma Zoom do Àwúre, entre 19h e 22h. Será um momento no qual jovens indígenas, quilombolas, ribeirinhos, de terreiros de matrizes africana e afro-ameríndias, e de periferia, discutirão e compartilharão suas vivências, experiência e angústias. A atividade será acompanhada por psicólogos e coordenado pelos próprios jovens, que também discutirão problemas relacionados com a saúde mental da juventude, em especial no período pandêmico, e em face do preconceito e do racismo que fazem parte de seus cotidianos em razão de seus pertencimentos identitários.
De forma presencial, o “NOVEMBRO NEGRO ÀWÚRE” será aberto no dia 16/11, na Sede da Associação Edson dos Santos do Ilê Alabaxé de São Miguel Archanjo, no Terreiro Ilê Alabaxé, em Maragogipe, às 14h, com a presença de Edelamare Melo, Subprocuradora-Geral do Trabalho, coordenadora nacional do GT “ Povos Originários e Comunidades Tradicionais”, do Ministério Público do Trabalho, e membra da Procuradoria dos Direitos do Cidadão (PFDC- Eixo liberdades de credo, crença, culto e de expressão) do Ministério Público Federal. O sociólogo guineense, Miguel de Barros, abrirá os trabalhos com uma conferência sobre o tema: “Direitos Humanos Fundamentais dos Povos Originários e Comunidades Tradicionais. Eficácia e Efetividade”.
Ao longo de toda a tarde do dia 16.11 serão debatidas, com jovens do Projeto Àwúre, e membros(as) das comunidades tradicionais de terreiro, quilombolas, ribeirinhas, gestores públicos e sociedade local, a necessidade e importância do conhecimento e apropriação do patrimônio histórico descolonizado como instrumento de preservação da memória e produção de legados que inspiram processos de mobilização social contra narrativas hegemônicas. Além disso, serão mapeados pontos de construção de referência de processos coletivos de participação para a defesa da terra, da espiritualidade, produções econômicas e simbólicas, bem como os padrões de consumo juvenil desencadeadores de novas narrativas de transformação.
Os trabalhos de campo vão oferecer, ainda, entre os dias 17 e 19/11, aulas e capacitações de Miguel de Barros nos quilombos de Salaminas, Angolá, Baixão do Guaí e do Dendê, em Maragogipe.
Este ciclo de aulas e capacitações inauguram as atividades que serão realizadas
no Centro de Referência de Capacitação e Qualificação Profissional em Agroecologia, que está sendo implantado na região pela Organização Internacional do Trabalho, em parceria com a Associação Edson dos Santos. No centro – onde serão ministradas aulas teóricas e práticas- estão sendo construídas unidades-modelo de galinheiro, pocilga, aprisco, horta e espaço para recepção dos(as) alunos(as) e professores. Com este projeto se pretende fomentar geração de trabalho, emprego e renda promovendo inclusão social e produtiva de grupos vulneráveis à exploração das piores formas de trabalho, em especial infantil e adolescente. O município de Maragogipe foi escolhido para implantação do Projeto, que atenderá todo o seu entorno, em razão dos seus baixos índices de desenvolvimento humano e de educação básica, situação agravada na pandemia.
O “NOVEMBRO NEGRO ÀWÚRE” será encerrado em Salvador, no dia 20/11, na Casa de Oxumarê(Salvador-Bahia), com palestra e roda de conversas sobre o tema “Religiões de Matriz Africana. Lideranças Comunitárias e Política”, com Miguel de Barros.
O encerramento das atividades no dia 20.11, em Salvador, é simbólico por duas razões : 20.11 é o dia no qual se celebra a “Consciência Negra”; e o terreiro, é, desde sempre, espaço de resistência e luta pela preservação da história, tradição, cultura e religiosidade ancestral africana, afro-brasileira e afro-ameríndia .
Nos espaços dos terreiros lideranças religiosas femininas, como Yá Nassô, Mãe Senhora, Mãe Aninha, Mãe Stela, Yá Cotinha de Ewá, Yá Simplícia, Mãe Nilzete, Mãe Menininha e Mãe Cleuza do Gantois, Makota Valdina, Olga de Alaketú, dentre muitas outras, foram responsáveis pela conquista do direito à liberdade de culto, crença e expressão dos religiosos de matriz africana e afro-ameríndias.
Para a Subprocuradora-geral do Trabalho, Edelamare Melo, “ Encerrar o Novembro Negro Àwúre no espaço do terreiro é lembrar desta história, da luta dessas mulheres, para dizer que retrocessos não serão tolerados, e que, atitudes de pessoas isoladas, não representam, nem possuem força para apagar ou desmerecer o legado de nossos ancestrais africanos, afro-ameríndios e afro-brasileiros.
Todas as atividades do NOVEMBRO NEGRO ÀWÚRE serão encerradas com apresentações de teatro ancestral africano, com Wanessa Sabbath.
O Projeto Àwúre é uma realização do Ministério Público do Trabalho/GT “Povos Originários e Comunidades Tradicionais “, da Organização Internacional do Trabalho e do Fundo das Nações Unidas para a Infância.
O conteúdo completo do NOVEMBRO NEGRO ÀWÚRE será disponibilizado na plataforma EAD ÀWÚRE EDUCA, de forma gratuita, após o período de atividades presenciais.
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