No dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, 28 de janeiro, o Canal Àwúre, que faz parte do Àwúre, projeto do Ministério Público do Trabalho (MPT), da Organização internacional do Trabalho(OIT) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância(UNICEF), trouxe para a primeira live de 2021 os números e formas de ajudar a combater o trabalho escravo no Brasil.
Os números têm aumentado a cada ano e assustam. Em 2018, o Ministério Público do Trabalho registrou 1.127 denúncias de trabalho análogo à escravidão no país. Em 2019, foram 1.213 casos e no ano passado, só até julho, foram 1.496 denúncias de trabalho escravo contemporâneo. Para discutir essa realidade o Diálogos Àwúre convidou para a primeira live de 2021 o jornalista Leonardo Sakamoto, doutor em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo e diretor da ONG Repórter Brasil. Sakamoto foi conselheiro do Fundo das Nações Unidas para formas contemporâneas de escravidão, escreveu livros sobre o tema e recebeu o prêmio Hero Acting to End Modern Slavery Award por sua luta contra o trabalho análogo à escravidão.
Sakamoto chamou a atenção também para a relação direta entre o trabalho infantil e o trabalho escravo. “Precisamos criar condições para que as famílias consigam deixar seus filhos na escola ou essas crianças se tornam vítimas mais vulneráveis do trabalho escravo contemporâneo.”
A live, mediada pela jornalista Rita Batista, teve ainda a presença da procuradora e coordenadora nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do MPT, Lys Sobral Cardoso. “ A pandemia aumentou a vulnerabilidade das pessoas e isso para a exploração do trabalho escravo traz consequências terríveis.” A procuradora explicou que o MPT teve de se organizar e criar protocolos para manter as operações de resgate por causa exatamente do aumento dessa situação. “E, atualmente, está acontecendo uma grande operação, a operação Resgate, do MPT, em conjunto com a Polícia Federal e outros órgãos estaduais, que só nesta última semana (de 21 a 28 de janeiro) já resgatou 118 pessoas que eram mantidas em situação análoga à escravidão.”
O Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, 28 de janeiro, foi criado em homenagem aos auditores fiscais do trabalho Erastóstenes Gonçalves, João Batista Lage e Nelson José da Silva e ao motorista Ailton de Oliveira assassinados em 2004, quando apuravam uma denúncia de trabalho escravo contemporâneo na zona rural de Unaí, em Minas Gerais. Desde então, a data é marcada no Brasil como uma forma de impedir que situações assim continuem a acontecer.
A live trouxe ainda uma mensagem do diretor regional da OIT para América Latina e Caribe, o brasileiro Vinícius Pinheiro. “ É difícil imaginar que em pleno século 21 ainda estejamos falando de combate ao trabalho escravo, mas nas últimas décadas, mais de 55 mil pessoas foram resgatadas de condições de trabalho análogas à escravidão no Brasil.” Vinícius alertou: “Abolir o trabalho escravo é um imperativo moral e ético, uma pré-condição para o desenvolvimento econômico, inclusivo e sustentável e é por isso, que nesse dia 28 de janeiro, a OIT se une ao MPT e a Unicamp para fazer esse chamado: trabalho escravo nunca mais. Somos livres!
O Canal Àwúre é um projeto de audiovisual que busca trazer temas que ajudem a transformar o mundo em um lugar mais igual e justo para todos, todas e todes, mas principalmente dentro da realidade dos povos originários atendidos no projeto Àwúre, a população indígena, quilombola e adeptos e adeptas de religião de matriz africana.
A live está disponível no Canal Àwúre, no YouTube, e trouxe também formas de denunciar o trabalho escravo. Se você conhece alguém que esteja sendo vítima de trabalho análogo à escravidão, não se cale. Denuncie!
Pelo site do MPT: www.mpt.mp.br
App MPT Pardal
Disque 100 ou 180
Denuncie pelo Sistema Ipê: https://ipe.sit.trabalho.gov.br