A ideia por trás das vacinas de RNA mensageiro contra a covid-19 é tão simples que seus criadores acreditam que não há limites de aplicação a outras infecções e doenças. Sua abordagem é introduzir no paciente uma mensagem genética escrita em uma molécula de RNA para que suas próprias células produzam as proteínas de que necessita para imunizar-se. Há poucos dias, a equipe que desenvolveu a primeira vacina eficaz contra o coronavírus, a da BioNTech, publicou um estudo ainda em fase inicial que exemplifica o potencial dessa técnica, já que conseguiram reverter em animais uma doença cuja causa é desconhecida e para a qual não há cura, a esclerose múltipla.
Os sintomas dessa condição são tão variados ―de leve formigamentos nos membros à paralisia quase completa― que alguns médicos a chamam de doença das mil faces. Por razões desconhecidas, o sistema imunológico dos pacientes começa a atacar seu próprio corpo, especificamente a bainha protetora dos nervos, o que pode causar danos ao sistema nervoso central. Existem pacientes que podem viver a vida toda com a doença e sofrer apenas um surto, enquanto outros têm uma recaída após a outra que deteriora sua mobilidade e os predispõem ao declínio cognitivo. Todos os anos 2.000 novos casos são diagnosticados na Espanha e esta doença é a segunda causa de incapacidade adquirida em jovens após acidentes de trânsito, segundo a Sociedade Espanhola de Neurologia.
Fonte: El Pais