No último censo do IBGE (2010), tudo indica que inúmeros praticantes dos cultos Tradicionais de Matriz Africana se autodeclararam, ao responderem o formulário juntos aos recenseadores oficiais do IBGE, como praticantes das religiões espíritas, espiritualistas e/ou, ainda, católicos.
Isso evidência às marcas do racismo, da intolerância religiosa e do medo que o povo de religiões de matriz africana ainda tem, justificadamente, de se autodeclarar aquilo que são, muito devido a violência que diariamente sepultam nossos corpos e criminalizam/demonizam nossos valores, saberes e fazeres afrocentrados.
É chegada a hora de sair da invisibilidade que historicamente construíram para os povo e comunidades tradicionais. E exigir o devido reconhecimento e respeito.
Para a construção de políticas públicas específicas a esses povos é necessário comprovarmos o tamanho e a força dessa população. E isso só é possível respondendo adequadamente o censo.
É preciso dizer, com orgulho, que você, povo de terreiro, é herdeiro e herdeira de uma tradição ancestral e milenar que construiu esse país, seu povo e tudo que há nele.
Dizer pelos que tombaram na luta por liberdade e respeito ao sagrado, mas mais ainda, dizer por aqueles e aquelas que ainda virão!
Esse será um importante legado. A construção, justificada, de políticas públicas para determinada parcela dessa sociedade brasileira historicamente vilipendiada e que hoje exige reparação sociocultural imediata!
Declare publicamente seu amor aos seus ancestrais, Orisa, Inkissi, Vodun, Guias, Entidades, Encantados…
Se o/a recenseador(a) do IBGE perguntar qual a sua religião ou culto, responda com firmeza, orgulho e satisfação qual é a sua religião!