Tiago Kfuzo Nagô é embaixador da cultura afroindígena e membro do Grupo de Trabalho Povos Originários e Comunidades Tradicionais do MPT
Já havia diversidade étnica do Brasil, muito antes da chegada do colonizador em Pindorama; quando em média 1.000 povos diferentes habitavam o território que hoje chamamos de Brasil, segundo dados publicados pela Funai. Nos primeiros dois séculos de colonização, vieram para o Brasil cerca de 100 mil portugueses, uma média anual de 500 imigrantes. No século seguinte, esse número aumentou: foram registrados 600 mil e nos anos seguinte , a média anual foi de 10 mil imigrantes portugueses, que implementaram a política do tráfico negreiro. Entre os séculos XVI e XIX, cerca de quatro milhões de homens, mulheres e crianças africanas desembarcaram no Brasil, na condição de escravizados(as). Eles(as) vieram sobretudo da Senegâmbia (Guiné), durante o século XVI, Angola e Congo, durante o século XVII, e Costa da Mina e Benin, durante o século XVIII (regiões das quais a maior quantidade de africanos foi traficada para o Brasil ).
Entre 1872 e 1972, entraram no Brasil mais de 90 mil imigrantes de religião judaica. O período mais importante foi entre 1920 e 1939, quando 50 mil judeus entraram no Brasil. A maioria desses imigrantes era proveniente do Império Russo, dos Bálcãs e da Europa Central, mas principalmente da Polônia. Até a década de 1950, mais de 250 mil japoneses imigraram para o Brasil. Atualmente, a população japonesa do Brasil está estimada em 1,5 milhões de pessoas. Outra significativa parcela da população é formada por ciganos de origem Rom ou Roma, originários principalmente dos países Bálcãs e do Leste Europeu. Migraram no século XIX para os demais países europeus e as Américas e Calon (ou Kalon, Calom, Calé): ciganos ibéricos, conhecidos como gitanos em Portugal e na Espanha. Entre outros povos imigrantes no Brasil.
Considerando as informações acima, percebemos o quanto o Brasil é um país diverso e riquíssimo culturalmente. Seja na arquitetura, nas artes, no modo de falar, no modo de criar, fazer e viver, há contribuições dos vários povos aqui estabelecidos. Ou seja, um país mestiço. A miscigenação ou mestiçagem consiste na mistura de raças, de povos e de diferentes etnias. Assim, multirraciais ou multiétnicas são as pessoas que não são descendentes de uma única origem. Essas pessoas possuem características de cada uma das raças de que descendem. Um exemplo pode ser alguém com ancestralidade europeia e africana, ou com ancestralidade europeia e indígena.
Esse termo também pode se referir a uma sociedade multiétnica, com alto grau de heterogeneidade cultural e grande variedade de tipos humanos, mas não, necessariamente, alto grau de miscigenação entre as etnias.
O multiculturalismo é a inter-relação de várias culturas em um mesmo ambiente. É um fenômeno social que pode ser relacionado com a globalização e as sociedades pós-modernas. A ideia de um grupo multicultural pressupõe que os grupos culturais estariam interligados, em função do contato que as culturas têm entre si.
A Constituição Federal de 1988 deixa claro que o Estado brasileiro é pluriétnico e multicultural, e, por isso, respeita a diversidade, sem preconceito. Deste modo podemos afirmar que a cultura brasileira e o Brasil foram fomentado na miscigenação.