Uma plataforma digital comprometida com os pilares da Diversidade e Inclusão, onde se encontram disponíveis seminários, palestras, webinars e cursos sobre diversos temas relevantes para sociedade, e de quebra um espaço para fazer networking com profissionais de várias áreas. Na Plataforma Àwúre Educa, você pode aprender, 24 horas por dia, todos os dias do ano!
A plataforma ÀWÚRE EDUCA pode ser acessada de qualquer dispositivo, sendo uma das principais ferramentas de inclusão do Projeto Àwúre.
O projeto Àwúre foi criado em 2019, durante o 2º Simpósio Nacional e 1º Internacional com o tema: “Indígena, Negro/a, Quilombola e Religioso/ de Matriz Africana. Preconceito, Racismo, Intolerância e Discriminação nas Relações de Trabalho, Produção e Consumo”, organizado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). O simpósio foi o marco zero das ações do Àwúre, dele resultou a criação, no âmbito do MPT, em conjunto com a OIT e UNICEF, do Projeto Àwúre, que engloba as diversas ações de prevenção e enfrentamento à exploração das piores formas de trabalho, ao preconceito, racismo, intolerância e discriminação – violações sistemáticas de direitos que afligem a população indígena, negra, quilombola, de terreiro, ribeirinha e juventude periférica.

Mesmo durante a pandemia, o Àwúre não parou. Pelo contrário, foram criados projetos para ações emergenciais de resposta à COVID-19. Atualmente, o Àwúre atende mais de 60 mil pessoas em 6 estados brasileiros do Nordeste e Norte do país.
A Subprocuradora-geral do MPT Edelamare Melo fala como acontecem as ações do Projeto Àwúre e também sua gratidão em conseguir dar continuidade à iniciativa.
“Sou muito grata por iniciar o Projeto Àwúre e estar lutando por sua continuidade. A pandemia foi um momento emblemático onde conseguimos realizar ações humanitárias com a OIT e o UNICEF, que beneficiaram, direta e indiretamente, mais de 100 mil pessoas com distribuição de cestas básicas e kits de higiene. Nas ações, realizadas com a OIT, também promovemos ações de sustentabilidade com povos originários, provendo-os de meios para plantar, colher e se alimentarem, retirando-os da situação de insegurança nutricional e alimentar. Ainda neste período, com o UNICEF, trabalhamos no fortalecimento da rede de proteção à infância e juventude, no enfrentamento a homicídios e no eixo de empregabilidade. Ações que, com as capacitações, campanhas, mobilizações sociais nas redes, alcançaram mais de 300.000 pessoas. Mais recentemente, com a OIT, ação humanitária com os Yanomamis, levando cestas básicas e insumos agrícolas para garantir segurança nutricional e alimentar. Com tudo isso, e muito mais, como não ser grata por ter sido inspirada para iniciar este projeto, que, como o nome diz, é uma benção, e, hoje, como externou uma colega do MPT, ele não é mais um projeto, é uma causa pela qual, nós, ativistas e defensores/as de direitos humanos, devemos lutar, envolvendo a sociedade, o Estado, e o setor empresarial”, ressalta.

Edelamare também fala do objetivo do Àwúre, como o projeto atinge e beneficia as populações atendidas.
“O Àwúre (Aurê) é um projeto que visa a promoção e garantia dos direitos humanos e fundamentais de grupos historicamente excluídos, no caso os povos originários, comunidades tradicionais quilombolas, de terreiros de religiões de matriz africana e afro-indígena, ribeirinhas e periféricas. Seu foco é a promoção da cultura da paz, dos direitos humanos e a superação dos discursos de ódio dirigidos a estes povos e comunidades, fruto da ignorância, do preconceito, e do desrespeito aos seus modos de vida e trabalho tradicionais e ancestrais. São violências múltiplas que os atingem porque nada, nem ninguém é poupado(a), seja o/a idoso/a, os jovens, mulheres e crianças. Então, como assistir a este quadro terrível de vulneração de direitos, de etnocídio e genocídio de forma impassível, seja como ser humano, cidadã e membra do Ministério Público do Trabalho? O Àwúre (Aurê) responde a estas questões porque ele quer impactar vidas, transformando-as, mas respeitando os modos de ser e estar no mundo dos povos originários e comunidades tradicionais, suas histórias, culturas, tradições, saberes e religiosidade ancestrais. Nada é planejado ou executado no Projeto Àwúre (Aurê) sem a consulta livre, prévia e informada como determinado pela Convenção 169 da OIT e da Resolução 230/2021 do Conselho Nacional do Ministério Público-CNMP- que disciplina a atuação do Ministério Público brasileiro junto aos povos originários e comunidades tradicionais. Precisamos ressaltar que o Àwúre não pretende transformar as vidas dos povos originários e comunidades tradicionais, retirando-os de seus territórios e suprimindo seus modos de ser e estar no mundo. Transformar, no Àwúre, significa lutar pelo direito e o respeito à diversidade e à diferença. É lutar contra a violência que aflige esses povos e comunidades. É tentar transformar a sociedade – e não eles/elas – para que ela os/as respeite na sua diferença e diversidade e os deixe viver e existir em liberdade e dignidade de acordo com suas histórias, culturas, tradições, saberes e religiosidade ancestrais”.
Wãipa na língua Tupari significa peixe pintado. A Associação Indígena Wãipa busca o fortalecimento da cultura e da alimentação. “É uma maneira de usar o nosso território para gerar renda para as famílias que moram aqui, mas sem precisar degradar o meio ambiente”, explica Marciely Ayap Tupari, indígena e moradora da aldeia Tupari, em Rondônia.
Marciely faz parte da associação Wãipa que tem suas atividades voltadas para a agricultura familiar sustentável, turismo e cultura indígena. Dentro do território são produzidos alimentos agroecológicos. Essa ação faz parte do projeto Àwúre ”Fortalecendo a Roça sem industrializados”, implantado pela OIT em parceria com a Associação Indígena Wãipa.
A presidente da Associação Edson dos Santos, que fica no Terreiro Ilê Alabaxé de São Miguel Arcanjo, Jorgina Conceição, descreve algumas das ações do Àwúre no município de Maragogipe, no Recôncavo Baiano, onde atende jovens e adultos de comunidades quilombolas e povo de terreiro. “O projeto Àwúre tem ajudado não só às famílias, como também aos jovens, oferecendo cursos para o mercado de trabalho e palestras sobre os direitos da sociedade. Tudo isso para a sustentabilidade da comunidade. O projeto Àwúre veio para somar no município de Maragogipe”, diz Jorgina.

A Oficial Técnica em Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Thaís Faria, responsável pela coordenação do Àwúre na OIT, destaca o Àwúre Educa, principalmente durante o ano de 2022. “A Plataforma Àwúre Educa é uma ferramenta estratégica e online para promover o conhecimento e a capacitação dos públicos-alvo foco do projeto Àwúre para atingir mais pessoas no país. Criar mais oportunidades de trabalho e conscientizar sobre os diretos de cada pessoa foram algumas das razões da criação da plataforma Àwúre Educa”, disse Thaís.
Através de palestras e cursos, a ferramenta tem por objetivo despertar a consciência sobre a necessidade de formular, fomentar e efetivar políticas públicas voltadas ao enfrentamento do racismo estrutural e institucional, fortalecendo a educação para as relações étnico-raciais e de direitos humanos.
A ferramenta foi lançada no dia 30 de outubro de 2021, durante o 1º SEMINÁRIO ÀWÚRE: “Direitos Humanos Fundamentais dos Religiosos de Matriz Africana. Eficácia e Efetividade”. Atualmente a plataforma conta com mais de 12 cursos de capacitação a distância divididos por categorias. Direitos Humanos, Patrimônio e Comunicação, além dos webinários com temas relacionados a povos originários, racismo, religião, direitos do trabalhador e ações desenvolvidas em parceria com MPT, OIT e UNICEF. A ferramenta utilizada para capacitação e veiculação das aulas é muito simples e de fácil acesso. Tendo como metodologia de ensino o MOOC (Massive Open Online Course), os cursos são abertos e acessíveis ao público de forma gratuita. Para participar, basta o/a estudante assistir à aula de demonstração, fazer a inscrição em algum dos cursos e assistir às aulas pela plataforma.
A Subprocuradora-geral do MPT Edelamare Melo, comenta sobre a Plataforma Digital Àwúre Educa, ferramenta essencial no III Simpósio Nacional e II Internacional “ Indígenas, Negros/as, Quilombolas e Religiosos/as de Matriz Africana: Decolonialidade e Dívidas Históricas do Estado Brasileiro nos 200 anos da Independência” utilizada para a transmissão ao vivo do evento.
“É uma plataforma de formação para as relações étnico-raciais de direitos humanos, tendo um foco nos beneficiários da nossa atuação, mas também é uma plataforma diferenciada por tentar três linguagens diferentes na realidade dentro dela. Uma dirigida para nosso público-alvo que são os povos originários e comunidades tradicionais, outra focada na sensibilização da sociedade civil em relação à situação para conscientização e uma terceira que é focada também para a academia”.
A principal motivação para a criação da Plataforma EAD ÀWÚRE EDUCA veio da necessidade de vencer o preconceito, o racismo – estrutural e institucional – e a discriminação étnico-racial e religiosa, esta que tem seu principal alvo nos religiosos de matriz africana e afro-ameríndias, pelo único caminho possível: a educação para as relações étnico-raciais, religiosas e para os direitos humanos fundamentais dos povos originários e comunidades tradicionais… “Estas formações, que também têm foco na inclusão social e produtiva destes segmentos vulnerabilizados, contribuem para seus empoderamentos identitários, que são diversos, e apropriação dos direitos que lhes são garantidos na ordem interna e internacional possibilitando-lhes o exercício pleno da cidadania e a luta por seus direitos e garantias.”, destaca Edelamare.